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sexta-feira, 17 de junho de 2016

MAIOR DO QUE “AQUILO”: SÓ O GLU-GLU-GLU!











Há uma quadra de Fernando Pessoa, entre tantas quadras ao gosto popular por ele escritas, que diz:
 

Pois, a propósito do último verso desta estrofe, espera-se que o mesmo não se confirme.
Aliás, para quem leu a crônica BICAR? FOI IMPOSSÍVEL!, publicada em 17 de julho de 2014, a compreensão do que segue ficará mais facilitada.

Lá atrás, mas não tão atrás assim, um salvador apareceu. Dunga era seu nome. Lembrado como um dos Sete Anões, reconhecido pelas crianças de outrora, muito brincalhão, que surgia para resolver todos os problemas que se apresentavam à época. E eram tantos! Eram muitos.

Acredita-se, hoje, que foi um personagem que nada teve de brincalhão e que também nada resolveu. Até porque uma andorinha sozinha não faz verão. Cada vez mais qualquer empreendimento vai precisar do espírito coletivo do grupo para alcançar os requisitos necessários à conquista do sucesso. E, além disso, que cada um dê o melhor de si para o conjunto.

O gosto da laranja mecânica, à época dos 3x0, não foi possível experimentar. Nem uma bicadinha foi permitida. Alguma coisa que amenizasse a derrota avassaladora, anteriormente sofrida. Nada aconteceu. As tão decantadas aves canoras não voaram o suficiente para adentrar àquele estonteante carrossel. Deram-se por satisfeitas em, pelo menos, não atingir um escore tão vergonhoso quanto o anterior.

Pois quem chegou para resolver o problema, também não resolveu.

Depois de tanto tropeço, chegou-se, finalmente, ao tempo das onomatopeias.

De gorjeios tão melodiosos, de piu-pius tão canoros, encontram-se tais aves afugentadas, presentemente, pelos glu-glu-glus ameaçadores que selaram mais uma derrota.

Assim, ficou claro que maior do que o ocorrido em 2014: só o glu-glu-glu.

E, novamente, outro gaúcho, não da fronteira, mas da serra, colocará em ordem as coisas lá pela Seleção Brasileira.

Carisma? Ele tem. Competência? Também. Além do espírito agregador que tem demonstrado na sua trajetória de vida.

Interessante observar que o nome do time formado por ele e amigos, para curtirem as folgas em Caxias, chama-se Carrossel. Aquele legendário grupo de jogadores da Holanda que formavam o conhecido Carrossel Holandês, vencedores da Copa de 1974.

Esperamos que, agora, a Seleção redescubra o seu potencial. Que seja possível reverter o vexame da última Copa do Mundo e que, principalmente, Tite consiga nos fazer esquecer daquele ensurdecedor glu-glu-glu com que fomos mandados embora da Copa América.

O canário trancou o bico. Coisa que ninguém imaginava acontecer. Aconteceu, porém.

Voltaram para dentro da gaiola. Que horror!

Agora, sabe-se que não é só tempo de mesóclises. As onomatopeias estão em voga, também.

Xô, glu-glu-glu!

Pobres canários!

Aliás, o falar estará se aprimorando nos últimos tempos?

Repeliremos, com veemência, qualquer insinuação desse tipo. Os canários voltarão a voar e cantar.

Outra novidade é este futuro do presente, usado por uma conhecida autoridade da nação.

Acontece, porém, que um futuro do presente não é capaz de apagar um passado...

Aguardemos as esperadas mudanças!

Xi! Olha aí um Presente do Subjuntivo, tempo que denota a existência ou não existência do fato como uma coisa incerta, duvidosa, eventual ou, mesmo, irreal.

Será que ficaremos sem as mudanças tão necessárias?


 
Branca de Neve e os Sete Anões





quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

CUIDADO! FIQUE ATENTO!

Pois, em 2013, o papo era de sedução!

A cobra foi recebida com todas as honras. Houve até quem escrevesse e publicasse, em 10/01/13, a crônica SALVE O ANO DA SEDUÇÃO!

Lá, no início do ano, falou-se bastante da Serpente Água, ela que regeu o referido ano pelo Calendário Chinês.

Por incrível que pareça a cobra prenunciava coisas boas, pelo menos para quem estava envolvido na tarefa de seduzir, encantar. De resto, o saldo não foi dos melhores. Sendo ela do tipo Água, escorreu pelos dias daquele ano sem se deixar pegar em erros, isto é, não deixando rastros. E o que é pior: não melhorou a saúde no Brasil, ela que é o símbolo que identifica a Medicina e o próprio SAMU. O SUS, portanto, também não se beneficiou pela passagem dela por aqui. Quem ler a crônica entenderá melhor a analogia.

O saldo foi apenas reforçar a ideia, exposta no início da crônica, de que ela continua dona do pedaço, desde que o casal foi jogado lá de cima, como castigo pela desobediência.


E mais um ano irrompeu.

Desta vez, chegava ele: o cavalo. E era o Cavalo de Madeira, aquele que se reveza de 60 em 60 anos. A crônica A HORA É AGORA!, publicada em 02/01/14, trazia a esperança de que, pelo menos por estes pagos, o ano seria de realizações.

Considerando o cavalo como signo regente, seria a hora e a vez da gauchada começar a transformar a própria realidade. Ele nos oferecia a força e o impulso para a execução de tantos projetos que não saíam do papel.

À época, a crônica mencionava várias obras de grande importância para a capital dos gaúchos.

Ao que parece, deixamos o cavalo passar encilhado. E nada aconteceu.



Pois, agora, acredito que a vaca foi pro brejo.

O ano de 2015, regido pelo carneiro, segundo o Calendário Chinês, será um ano mais calmo, o que não quer dizer mais seguro. O carneiro, dizem, é o patrono das artes. Portanto, ótimas ideias deverão aflorar. O bicho, porém, vai precisar de uma ajudinha, pois tem dificuldade em tornar as coisas concretas, sozinho. Nada que não se possa resolver. Aliás, quem não precisa de auxílio nestes tempos atuais!

O ano será para fazer as coisas sem grande pressa, pois o dinheiro estará curto e os investimentos, infelizmente, todos eles serão arriscados. Como tudo estará mais lento, talvez, haja uma tendência ao desânimo. Portanto, deverá preponderar uma visão de longo prazo.

Agora, segundo os conhecedores do tal calendário, o ano de 2015 será o ano do Carneiro de Madeira, que também acontece de 60 em 60 anos e que regeu o ano de 1955, período em que houve até a decretação do Estado de Sítio no Brasil. Por um breve espaço de tempo, é claro. Só para as coisas se acomodarem.

Também, só para relembrar, aconteceu no final do mês de julho daquele ano, a chamada super onda polar. O território brasileiro, como um todo, não apenas a Região Sul, sofreu baixíssimas temperaturas, algumas negativas, recordes registrados oficialmente pelo INMET.

Na verdade, o que mais preocupa quem não entende de calendário chinês, mas assiste, cotidianamente, ao ato de roubar e pedir, de forma institucionalizada ou não, é a permanência de tais comportamentos num ano tipo Carneiro.

Gente, o bicho não é confiável!

Sabe, por acaso você, o que sejam “marradas”?

Pois é! Elas vêm de berço. Estão no DNA do carneiro. Servem para fazer valer a posição de macho dominante. Por viverem em bandos, há a necessidade de um comandante. Daí os cutucões com os chifres, as cabeçadas, as marradas. E o melhor será aquele que melhor souber usar as marradas no adversário. Elas é que determinarão a hierarquia de dominação.

Sendo este o esporte favorito do carneiro, nunca lhe passe a mão sobre a cabeça. Nem para lhe acariciar. O bicho receberá o gesto como sinal de provocação. Nesta hora, saia da frente, pois lá vêm marradas pra todos os lados.

E não pense você que isto é tudo. Às vezes, parecendo estar vencido ou desinteressado, retorna com ímpeto maior ainda: isto em pelejas com outros machos.

É! O animal é perigoso!

Portanto, fique atento este ano. Todo o cuidado será pouco. O bicho não é confiável. Jamais lhe dê as costas. 

Isto, talvez, explique o conselho dado pelo Calendário Chinês para o ano do Carneiro. Diz ele que é preciso tomar cuidado para não confiar demais em pessoas recém-conhecidas, pois se corre o risco de que haja exploração das carências de alguns indivíduos mais sensíveis por pessoas de má índole.



Bem, afora estas recomendações e desejando que não se repitam eventos já ocorridos há 60 anos, o ano de 2015 acena com a esperança: mola propulsora de todos os dias de cada novo ano.

Ela, que acredito ser infinita, nos lembra que a soma dos números que compõem o ano de 2015 totaliza o algarismo 8.

Em berço esplêndido, ele restará deitado, lembrando o símbolo do infinito () a nos conclamar que sejamos esperançosos e que plantemos a semente da mudança, lentamente, porém de forma determinada e responsável. Afinal, o ano vai requerer muita responsabilidade sobre nossas ações individuais. Tudo o que plantarmos, com certeza, vamos colher. As possibilidades serão infinitas. Há futuro, porém o tempo para plantá-lo é agora.

Portanto, sigamos de MÃOS DADAS, com esperança, conforme versejou o poeta Carlos Drummond de Andrade:




Mantenhamos, como último recurso, na ausência de algum sinal de mudança, o costume do nosso chimarrão, que tem a cor e o sabor da esperança. E, também, como imagem de uma esperança maior ainda a figura da criança, pois ela traz um futuro no olhar, como diz a letra de AINDA EXISTE UM LUGAR, composição de Miguel Marques e Ivo Brum, na voz de Wilson Paim, transcrita no vídeo abaixo. 

Acreditemos na letra. 


É o que sobra!




Ainda Existe Um Lugar – Wilson Paim






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Comentários via Facebook:


Amelia Mari Passos: "Há futuro, porém o tempo para plantá-lo é agora. Soninha Athayde" Obrigada. Excelente leitura. Um fraterno abraço





quarta-feira, 7 de maio de 2014

SIGAMOS O SEU EXEMPLO


A avalanche agiganta-se a cada dia que passa. Sentimo-nos já meio soterrados. E a cada noite, desfilam à nossa frente um número cada vez maior de desastres e tragédias de toda a ordem e tipo.
Elencamos, abaixo, as notícias veiculadas durante uma semana, em dois jornais televisivos de abrangência nacional. O papel da imprensa é, sem dúvida, o de informar. Daí sua importância relevante. Nada, portanto, contra a imprensa.
Vejamos, por tópicos:
  • Guerras
  • Violência
  • Crimes de todos os tipos: nas ruas, em favelas, no seio familiar.
  • Atentados, Sequestros, Desaparecimentos.
  • Terrorismo
  • Agressões de todo o tipo
  • Explosões
  • Naufrágios
  • Deslizamentos
  • Incêndios criminosos
  • Tufões, Tornados, Furacões, Tsunamis.
  • Descarrilamentos
  • Discriminações: religião, sexo, raça, cor, opção sexual.
  • Casos de pedofilia
  • Imigração Ilegal
  • Desvios de dinheiro público
  • Fraudes de todo o tipo: contaminação, adulteração, validade vencida.
  • Cenas de selvageria em estádios de futebol
  • Greves
  • Cenas de descaso com a Educação
  • Cenas de descaso com a Saúde
  • Segurança deficitária para os cidadãos
  • roblemas graves na produção de energia
  • Mananciais de água para abastecer cidades sob-risco iminente de colapso
  • Esgotamento das reservas para produção de energia
  • Custos cada vez mais altos para prospecção, em terras profundas, de materiais  combustíveis.


Em apenas sete dias, todos esses gravíssimos assuntos, recheados por imagens impactantes, mergulharam em nossos olhos e mentes.
Milhares de nós já estão submersos em muitos desses dramas. Outros tantos, não o sentem diretamente, mas são fortes candidatos a serem atingidos por alguns desses desastres. Alguns outros, talvez, demorem um pouco mais para chegar a esse nível caótico que se desenha.
Percebe-se que, na verdade, mesmo aqueles cidadãos, que ainda não se sentiram atingidos diretamente, já o são na medida em que recebem esse bombardeamento visual contínuo e diário.
Como navegar em meio a essa avalanche?
Sem olhar para trás, embora lá se encontrem experiências que não deram certo e que, por isso, não devemos repeti-las?
Sem olhar para os lados, pois nos deparamos com situações e pessoas do nosso cotidiano que, da mesma forma, nadam em meio à mesma avalanche?
E olhar para frente é ainda a solução?
Sim, ainda é o caminho. Outro, não há.
Por menor que seja o ponto luminoso à frente, é para lá que deveremos mirar.
Cada um construirá, pouco a pouco, mecanismos de defesa próprios que o livrarão, dentro do possível, da desesperança que se abate diante de tal realidade.
Lembrei-me daquela professora dedicada que, todas as manhãs, preparando-se para enfrentar um dia de trabalho, ouvia uma determinada rádio, aguardando o noticiário. Ocorre, porém, que tal noticiário era precedido por um programa, cujo apresentador, invariavelmente, atribuía aos professores, da época, todos os males da Educação. Tudo porque eles reivindicavam dignidade de tratamento, remuneração condizente com a relevância do cargo e escolas com infraestrutura adequada.
Diante desse bombardeamento diário, a tal professora passou a não ouvir mais o referido programa. E o noticiário acabou também prejudicado. Cortou ela aquele gatilho que a desestimulava, tornando o seu início de dia totalmente pesado, sombrio, carregado de inconformidades que lhe produzia uma sensação de derrota.
A receita, talvez, seja então descartar o que prejudica o nosso olhar e os nossos ouvidos. Considerando-se, aqui, aquilo que os meios de comunicação nos apresentam e não nossos irmãos que se encontram jogados nas calçadas. Esses devem ser olhados com um olhar de questionamento para com os deveres do Estado.
Michel Lacroix, conhecido filósofo, afirma em seu livro O CULTO DA EMOÇÃO, edição 2011, página 165:
“Daí a superioridade da leitura em relação ao consumo de imagens.”
Defende, igualmente, o cultivo da emoção-sentimento em detrimento da emoção-choque, que é paradigma da modernidade.
De qualquer sorte, estamos todos quase submergindo nessa avalanche de desmandos, corrupção e descompromisso com o cidadão e com o planeta.
Nada que não tenha solução, segundo Domenico De Masi, em seu livro O FUTURO CHEGOU, 1ª edição, ano 2014.
O renomado sociólogo discorre, em sua alentada obra de 736 páginas, 14 modelos de sociedade que marcaram a história social do mundo, destacando-se os modelos católico, hebraico, muçulmano, protestante, clássico, iluminista, liberal, capitalista, socialista, comunista, chegando aos dias atuais com o modelo pós-industrial. O último capítulo, o de nº 15, com 90 páginas, é dedicado ao Modelo Brasileiro, que acredita ainda em formação.
Pela leitura depreende-se que estamos com a faca e o queijo nas mãos. Há quem discorde, porém, das assertivas propostas por ele com relação ao Brasil.
Domenico De Masi acredita que ideologias já desapareceram, bem como seus líderes. Os modelos tradicionais não mais satisfazem. Estamos, portanto, segundo ele, desorientados. A sociedade planetária está sem rumo, sem um modelo a seguir.
E como imaginar um modelo único para tantas diferentes sociedades?
Lança ele a ideia de que, talvez, caiba aos intelectuais dar um sentido à vida e, consequentemente, um modelo para essa sociedade pós-industrial. Logo após, porém, diz não caber apenas aos intelectuais a busca desse novo modelo. Que as sociedades, através de suas manifestações, inclusive de rua, poderão promover mudanças necessárias que busquem a formação de um novo modelo de sociedade.
E deposita no Brasil, país que, segundo ele, possui todos os elementos reunidos para desfraldar a bandeira do novo paradigma para a sociedade planetária. Muito ambicioso? Muito ufanista? Muito irreal? Talvez, não.
O livro merece leitura e a parte relativa ao Brasil, mais ainda.
Tece elogios à mestiçagem, à natureza, às pessoas e à própria economia. Ressalta a contribuição dos cientistas sociais brasileiros na elaboração de um modelo brasileiro de sociedade.
Embora alguns contestem, há uma democracia racial. Pode não ser ainda plena, mas está longe de sociedades que cultivaram um apartheid feroz.
De Masi menciona Stefan Zweig, dramaturgo, musicólogo, jornalista e poeta austríaco, naturalizado britânico, que, em 1941, teve a possibilidade de permanecer no país por algum tempo. E encantou-se com a coexistência pacífica, considerando-se a multiplicidade de raças, classes, cores, religiões e convicções.
Corremos, porém, o risco de perdermos a possibilidade de sedimentar essas nobres qualidades. Se continuarmos repetindo modelos já esgotados e que se mostraram destrutivos para as sociedades e o planeta, não atingiremos os prognósticos de vários intelectuais que viram e, ainda, veem na nossa sociedade a possibilidade de um novo modelo societário. Repito, vale a leitura do capítulo referente ao Brasil.
Domenico ainda aponta, na página 707, os valores positivos que persistem na sociedade brasileira, bem como elementos novos, verdadeiros desafios internos, que se tornaram mais difundidos e que depõem contra esse alavancar de progresso social que estamos a merecer, a saber: corrupção, violência, desigualdades e déficit educativo, entre outros.
Afirma ele que uma pesquisa realizada pelo grupo OCA (Organização de Conhecimentos Associados) de São Paulo, em 2013, indicou que ainda persistem os seguintes valores básicos:
Ritmo, sensualidade sem complexos, festividade, exaltação das cores e dos sabores, a intercultura, a capacidade de copiar e inventar”, palavras dele.
E continua:
“O brasileiro é informal, trabalha em mangas de camisa e sabe operar em grupo, é fluido nos seus processos de decisão, não tem preconceitos ideológicos, aprende fazendo, tende a conjugar o trabalho com o divertimento, presta serviços de modo atento, afável e afetuoso.”
“O sucesso, obviamente, dependerá de sua capacidade de mobilizar-se, organizar-se, tornar explícito um projeto compartilhado, buscá-lo com tenacidade, agir com maior racionalidade sem perder a simpatia, modernizar-se sem comprometer a sustentabilidade, ser menos tolerante, superficial, improvisador sem perder a criatividade.”
E finaliza:
“Nenhum outro país é amostra igualmente representativa e metáfora igualmente significativa do mundo inteiro na sua atual fase evolutiva. A mestiçagem, que foi prerrogativa do Brasil, hoje torna-se normalidade em todo o planeta, onde está em curso a mais importante mistura de todos os tempos, determinada em nível físico pelas grandes migrações e, em nível cultural, pelos meios de comunicação e pela rede”.
“O Brasil e seus intelectuais podem contribuir em medida determinante para essa reinvenção porque – como já registrava Darcy Ribeiro – a gente brasileira “sob a influência imperceptivelmente relaxante do clima, desenvolve uma menor força de colisão, uma menor impulsividade e dinamismo” – ou seja, exatamente as qualidades que hoje são dramaticamente supervalorizadas e consideradas como valores morais de um povo”.


Portanto, acho, sinceramente, que o Brasil tem jeito, tem futuro. Bastará que sua sociedade torne-se atenta, reivindicadora, fiscalizadora e com uma postura igual a do girassol, seguindo o seu belo exemplo que é sempre o de buscar a direção de onde vem a luz. Ela é que nos alimentará, dando-nos energia, para seguirmos buscando melhores tempos.

Fiquem, agora, na companhia de Jorge Ben Jor e seu País Tropical, numa versão mais modernizada, onde o fusca da letra virou carro, o violão, guitarra cantante e a nega continua deliciante. E de acréscimo o seu Spyro Gyro, onde a sensualidade brasileira está bem representada. E, logo após, uma bela mensagem que o girassol nos transmite através da sua busca incessante pela luz do nosso astro-rei.



País Tropical – Jorge Ben Jor 


Seja um girassol





sexta-feira, 7 de junho de 2013


APESAR DE TUDO 


Rolam notícias de todos os cantos do mundo e por todos os meios de veiculação possível. É quase um tsunami diário. E a maioria, invariavelmente, de conteúdo negativo, que em nada estimulam ou favorecem o nosso viver diário. São os homens destruindo a natureza, como um todo, entredevorando-se, socialmente falando, matando, esfolando, estuprando, ludibriando, corrompendo, disseminando venenos por todos os lados (alimentação, sementes, drogas lícitas e ilícitas, poluição em todos os níveis).

Acordar-se, pela manhã, e acreditar que, apesar de tudo, vale a pena encarar mais um dia, é fundamental para um viver equilibrado e satisfatório.

Se os conglomerados financeiros dominantes fizerem as Bolsas caírem ou subirem, nada disso modifica a vida do Francisco, vigia que cuida do supermercado. Parece que se a economia estiver indo bem, segundo os maiores interessados na sua divulgação, os governantes, Francisco sofrerá os impactos positivos dessa aparente estabilidade. Isso é pura falácia. A verdade é que pouco do que ele percebe ao seu redor tem modificado para melhor. Suas necessidades básicas continuam carentes de atendimento satisfatório.

Então, todas as suas carências, somadas à avalanche de notícias negativas, vindas de todos os lados, acarreta-lhe a necessidade de um esforço redobrado a cada manhã. Levantar-se e, apesar de tudo, continuar com a esperança de que as coisas vão melhorar. Jogar para o futuro o que, por ora, está difícil de vislumbrar.

Acredito que, nesse instante, as combinações genéticas presentes no DNA é que falarão mais alto. Que bom se todas elas tendessem ao bem, ao correto e que estivessem a serviço da força interior, que deve animar o nosso corpo, bem como da luz que, igualmente, deve nos iluminar durante essa jornada.

Pois é desse tipo de DNA que iremos falar.

José Luiz Camboim Moni, que vive embaixo de um viaduto da BR116, em Esteio, é um fruto que, ao que parece, deu certo. Demonstra garra ao apegar-se àquilo que encontra ao seu dispor, a saber: conseguir estar entre os primeiros alunos de sua classe, com excelentes notas, cursando a 8ª série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Ezequiel Nunes Filho, em Esteio. A mãe presente, nas mesmas circunstâncias de vida, é importante para o seu desenvolvimento. As condições em que vivem são bastante ruins: sob um viaduto, num constante barulho de um trânsito pesado e sob uma poluição, também constante. A reportagem, transcrita abaixo, revela detalhes da situação em que se encontram.

A partir da reportagem publicada em Zero Hora, na data de 05 de junho, a TVCOM levou ao ar uma entrevista, que pode ser acessada abaixo, com a jornalista Kamila Almeida e o fotógrafo Tadeu Vilani, autores da matéria.

Presente ao encontro, o ex-menino de rua Jorge Luis Martins, que viveu, conforme relato próprio, em situação de constante risco, absolutamente sozinho em nossa Capital, desde os 10 anos de idade.

Os pais de Jorge já não existiam mais há algum tempo e a avó que lhe dava apoio, acabou também por falecer, quando ele tinha apenas 10 anos de idade. É, também, um relato comovente e que a todos deveria motivar para que se tentasse encontrar soluções para tão graves situações existentes ao nosso redor.

Em uma ou outra situação, observa-se a presença de um familiar que é, no caso de José, ou foi, no caso de Jorge, figura importante na transmissão de valores. No caso de Jorge, a promessa à avó, em seu leito amparado por quatro tijolos, segundo suas próprias palavras, de que seria um homem de bem e alguém na vida, a partir de três valores: respeito, vergonha e trabalho. Diz, ainda, que agradece a Deus por ter chegado aonde chegou, mantendo a saúde mental.

Agora, é inquestionável que uma força maior, uma força interior, que extrapola todo e qualquer auxílio externo, acompanha a caminhada de alguns desses guerreiros do asfalto.

Isso, por outro lado, não nos desobriga como cidadãos a exigir a implantação de políticas que deem apoio a essas verdadeiras cruzadas “solitárias” em busca de sobrevivência digna.

No caso de Jorge, hoje adulto, escritor, corretor de imóveis, ator, possuindo uma locadora de veículos, ainda estudando, sua luta está registrada em livros, o que o credencia a dar palestras em escolas, levando a sua história a quem dela precisa como estímulo a vencer as dificuldades que, com certeza, são infinitamente menores do que foram as do palestrante.

Com José, acontecerá o mesmo. Num futuro, servirá de exemplo a outros tantos menores que vivem nessas condições precárias, por absoluta inércia de uma sociedade tíbia em exigir que o Estado concretize ações efetivas no encaminhamento, pelo menos, daqueles em que a luz interior ainda brilha intensamente, apesar de tudo. Aliás, José já é um vitorioso e um exemplo a tantos outros que, embora em condições privilegiadas, não se esforçam como ele, que recebeu diploma de melhor aluno do ano de 2012.


Parabéns ao José!

Fica o aplauso às pessoas que se sensibilizaram com o caso presente. Isso, porém, ainda é muito pouco. Restam muitos outros que já se encontram em completa escuridão.

Parabéns aos autores da matéria jornalística.

 
OLHARES QUE BUSCAM SÃO OLHARES QUE ENXERGAM.

POR ISSO, ENCONTRAM.


E isso faz toda a diferença.





 Menor Abandonado - Zeca Pagodinho