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domingo, 5 de maio de 2019

SERIA UMA BOA IDEIA?



Como observadora habitual, ela, que acompanha aquele pássaro cantor em seu voo vespertino, imagina a beleza que seria se pudesse voar tal qual ele. Sem limites, a não serem os impostos pela arquitetura que o cerca. Com muitas árvores pelo caminho para descansar e flertar com o companheiro de jornada, sempre ao lado. Voar sempre em frente, em busca da satisfação de suas necessidades e do prazer pelo prazer de voar.

De voar sem ser dirigida. Diferentemente dos drones que estão se tornando tão comuns em nossa paisagem. Estes são a prova de que tivemos capacidade de idealizá-los, construí-los, adaptá-los. Dirigidos, por enquanto. Já há protótipos que, talvez, os tornem autodirigíveis.

Por enquanto, ainda sob o monitoramento de dois pilotos, foi inaugurado o primeiro voo experimental, que foi um sucesso, levando um rim humano para ser transplantado em uma paciente que aguardava cirurgia.

As escolas de Medicina e Engenharia da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, em um local conhecido como Centro Médico da Universidade de Maryland ou UMMC, sigla em inglês, participaram do desenvolvimento do primeiro drone a realizar uma viagem do Hospital de Saint Agnes, na cidade de Baltimore, carregando um rim para ser transplantado no referido Centro Médico. Uma viagem que durou 10 minutos e percorreu 4,2 km de distância. A mesma distância por terra levaria entre 15 a 20 minutos, caso não houvesse congestionamento.

O órgão chegou em perfeitas condições e o transplante foi bem-sucedido.

Ainda há a informação de que o drone possuía um paraquedas, caso houvesse um acidente.

Avanços que provam que os humanos podem realizar maravilhas, desenvolvendo suas ideias, seus conhecimentos, suas técnicas em prol de causas nobres como a manutenção da vida de outros seres humanos.

Agora, aquela observadora pergunta-se:

Se podemos criar um dirigível que sobe na vertical, ultrapassando todos os obstáculos que possam se antepor e segue em frente rumo ao objetivo traçado, por que razão também nós não podemos imitá-lo?

Levantar e seguir em frente sem que os obstáculos nos impeçam. Sobrepairar, como imagem poética, sobre os entraves, por alguns minutos, para, logo após, continuar voando em frente. Afinal, somos nós próprios os condutores deste corpo que vai em frente e cujas emoções, quando bem trabalhadas, só podem auxiliá-lo para que o objetivo final seja atingido.

Como aquela observadora gostaria que fôssemos como um drone!

Ele que levanta na vertical, voa, ultrapassa os obstáculos e aterrissa quando o objetivo foi alcançado.

É imperioso que nos demos conta destes movimentos, pois o arrastar-se termina entupindo algum bueiro desta vida. E o meio ambiente tem que ser preservado.

Agora, pensando bem...

Ser igual a este objeto não é nada promissor. Usá-lo da forma como foi usado, sim.

Um criador sempre tem que ser mais perfeito que a criatura.

Acho melhor mesmo aprendermos a cair, a levantar e a caminhar ao lado de nossos semelhantes: sempre dispostos a seguir juntos, visando ao bem-estar de todos que trilham esta estrada da vida.

Criadores de novos seres, com melhores condições de vida, é uma missão humana que só nos enobrece e nos torna superiores à máquina. É! Com certeza, não seria uma boa ideia.












quarta-feira, 15 de outubro de 2014

COM A MÃO NA MASSA... COM A EMOÇÃO À FLOR DA PELE...

O ingrediente principal, para que o esforço físico somado à emoção possa prosperar e transformar-se na única receita capaz de melhorar o mundo, é juntar um bocado de gente feliz. Para tanto, urge que se coloque cada um exercendo sua tarefa principal, num ambiente adequado, com uma infraestrutura compatível com os avanços tecnológicos, onde todos se conheçam, se estimem, criem laços, trabalhem e estudem, convivam e, consequentemente, cresçam.

O poema ESCOLA, do reconhecido e saudoso educador Paulo Freire, transcrito abaixo, aponta todos os ingredientes necessários para que este lugar torne-se o celeiro de futuros indivíduos úteis à sociedade, aptos a exercerem as mais diversas profissões, capazes, segundo ele, de melhorarem o mundo.

De toda esta gente feliz, citada pelo educador no poema, credito às figuras do professor e aluno a importância maior.

Imbuído do desejo de fazer, de dar e receber, de escutar, de transformar, reprogramando, quando for necessário, caminhando junto com o seu aluno, só assim atingirá as metas propostas, os objetivos últimos, a recompensa pelo esforço despendido.

Com plateias diversificadas e conteúdos diferenciados, o melhor professor é aquele que tem um tanto de ator. 

Aquele cujo gesto surpreenda, cujo movimento gere expectativa, este será o melhor entre outros tantos. Um olhar que instigue e uma emoção que, transbordante, sacuda o “aluno/espectador”, serão bem-vindos.

Uma apresentação que encante, uma palavra que ilumine, que abra perspectivas e caminhos, acarretará admiração.

Assim, conquistam-se plateias.

Alguns dirão que certos conteúdos da área das ciências exatas não se adequariam a estas performances. Engana-se quem assim pensa. Tudo depende de quem expõe e de como é exposta a matéria.

Tudo dependerá da dose de encantamento possível de gerar. O estopim deverá permanecer nas hábeis mãos de um professor. A tecnologia fará, então, o resto. E o resto é de grande importância, quando o interesse já foi despertado e o desafio instalado.


Com o raciocínio, com a inteligência, com a dita massa cinzenta colocada a trabalhar pelas mãos de um professor que, previamente colocou a mão na massa, desejoso de transformação, o êxito será mais do que provável. É garantia de uma educação de qualidade, respeitando-se as capacidades individuais, portanto diferenciadas.

Um bom professor é alguém possível de substituir a máquina, porque com ela não se confunde, porque é capaz de superá-la, salvando todos os dados armazenados que, porventura, tenham sumido nas nuvens, perdendo-se no infinito.

Um bom professor é o próprio backup ambulante, com a vantagem de guardar e transferir todo o conhecimento com emoção. O que, convenhamos, estamos a precisar.

Nós, humanos, somos os detentores de todas as capacidades necessárias para criarmos máquinas ainda mais sofisticadas. Portanto, somos mais do que elas, pois são elas apenas nossas auxiliares.

E um professor é quem trabalhará as inteligências existentes, para que o gênero humano continue a alçar voo. Claro, com a emoção à flor da pele que deve ser o seu diferencial.

Salve o Dia do Professor!


Bah! Esqueci-me de um dado RELEVANTE.

É tão relevante que passou a ser de somenos importância. Aliás, como todos os relevantes assuntos que por aqui, com o passar do tempo, tornam-se insignificantes e ninguém mais se detém a questioná-los. A não ser em momentos especiais como este, que estamos vivendo nestes últimos dias. Sobra a esperança, sempre, de que alguma cabeça bem-intencionada consiga fazer a nação acordar para a importância da figura do professor.

Uma nação que aposta na Educação para alavancar suas riquezas, visando a constituir um Estado justo e democrático, sabe que é fundamental preparar uma massa crítica, capaz e soberana, para o ato de escolha de seus representantes.


Ah! Uma vez mais...

Salve o Dia do Professor!









Dia do Professor – Belíssima Canção






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Comentários via Facebook:

Amelia Mari Passos: A música eu não conhecia, mas que tanto de verdade ela diz , assim como a sua valiosa reflexão. Gostei muito da viagem.



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013




 A ÉPOCA DOS 3 EM 1

Clarissa folheia com vagar o velho caderno, o único que sobrou de tantos.

Vai virando as folhas, uma a uma, parando, às vezes, em alguma que lhe chama a atenção pelas marcas deixadas no papel. São borrões, pingos eventuais de tinta de caneta ou refrigerante, e tantos outros sinais ali existentes: guardados ainda na memória.

Porém, um, em especial, que aguarda por ela mais para o fim do caderno, a faz recordar com ternura. Ternura por si própria ao ver-se retratada, naquele momento da existência, já tão longe, por aquela mancha bem no meio da página. Aquela lágrima caíra bem ali, naquele trecho do texto onde escrevera a palavra “amiga”.

Volta no tempo e relembra a tristeza que sentiu ao escrever que Soraia, sua melhor amiga, trocara de colégio e, por isso, não seria mais sua colega de aula.

O tema da redação, proposto pela professora, tinha sido “O Valor de um Afeto”. E Clarissa tinha escolhido a amiga Soraia como alguém a quem dispensava um grande afeto. Infelizmente, depois de cursarem juntas várias séries, não mais poderiam manter aquela diária e estreita amizade.

O registro daquele intenso momento de emoção estava ali, para sempre, registrado através de uma mancha sobre a tinta, nascendo um borrão, causado pela lágrima caída de olhos ainda tão jovens.
CONGELE A CENA.


Hoje, a mesma cena da lágrima ficaria registrada? Não, não teria registro.

Cairia sobre uma tela de plástico, resistente a riscos, resistente à água, resistente a lágrimas. Resistente ao registro da emoção daquele instante único.

A impessoalidade de um tablet, a aridez de uma tela, embora suave ao toque, não nos permite manter mais registros palpáveis, visíveis, de um momento de emoção extravasada, literalmente derramada.

Dispensa-se, hoje, o caderno, o lápis (ou caneta), a borracha. Temos o tablet, temos o simples toque dos dedos sobre a tela. Ah, e o mouse, também. E podemos gravar tudo num Pen Drive.

Nossos textos, nossas criações estarão todas lá, armazenadas. A autoria estará preservada, é claro. Mas a emoção do ato de criar, as etapas que se vão somando, com eventuais garatujas, riscos, desistências reveladoras na escolha da melhor palavra, reticências e sublinhados não terão mais registro.

Imaginem tantos autores clássicos, sem os seus manuscritos. Que perda irreparável seria para quem procura entender melhor o fazer poético, a lida com a palavra escrita mantida por tantos escritores de nomeada.

O processo de criação fica muito mais evidente em apontamentos e em manuscritos do que ficaria em textos registrados num tablet. Suas anotações à margem do texto, bem como a própria letra do escritor, são reveladoras de características peculiares de seu fazer textual, que nos dão a sua visão pessoal dos seus escritos.

E se falarmos em alunos que iniciam seus estudos no Ensino Fundamental, em particular, é importante que se capacitem a usar a mão para formarem, letra por letra, palavras que criarão frases, que comporão textos. Textos que contarão estórias, suas e de outros, com a emoção que é peculiar a cada um, num registro visível, palpável e totalmente pessoal dos sentimentos que nos diferenciam da máquina. Pois, não somos máquinas. 
Somos humanos e elas devem de estar a nosso serviço, tão somente.

Não esqueçamos que ainda somos seres pensantes, não somos idiotas e, portanto, a tecnologia tem que ser vista como mais uma ferramenta, apenas. Caso não seja assim entendida, de nada valerá o investimento em seu desenvolvimento.


Dito isso, boa volta às aulas.

Não importa que vocês, alunos, não tenham tablet. O importante é que tenham o que escrever, que adquiram a capacidade de escrever bem, de forma correta. E que aprendam a pensar, a refletir. Para isso, é imprescindível a figura do professor. A máquina servirá para auxiliar o trabalho de alunos e professores. Abrirá, com certeza, o mundo do conhecimento, das novidades, das pesquisas e tudo o que venha a ampliar a visão das coisas que os cercam, já trazida pelos alunos para sala de aula.

O bom e velho caderno, pelo menos nas séries do Ensino Fundamental, eu acredito que seja, ainda, um companheiro fiel. Clarissa não se emocionaria diante de um tablet, se fosse encontrado num canto da casa, caso existisse em sua época. Suas lágrimas não teriam tido registro. Sua emoção não se teria renovado. Seu passado seria apenas uma vaga lembrança. Sua história: um pouco mais difusa pela ação do tempo.


 

O Caderno - Toquinho




Fragmentos manuscritos de conhecidos autores nacionais:



Euclides da Cunha
Ferreira Gullar

João Cabral de Melo Neto

João Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa

Machado de Assis

Mário Quintana

Millôr Fernandes


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Comentários via Facebook:


Scyla escreveu: "Olha que já é madrugada, amiga, mas a tua estrela cronista estava aí brilhando, iluminando tudo e eu resolvi que não deixaria para amanhã. Até porque o amanhã é incerto para todos nós. E com esta pressa, esta ansiedade, fui conferir O CADERNO de Soninha Athayde, que depois de toda a belíssima leitura, depois de queridas lembranças, nos dá uma aula de "convivência pacífica" entre o novo e o nem tão antigo e sempre encantador método de guardar palavras, textos, poemas."
Scyla escreveu: "Fala de tudo o que permeia a atmosfera escolar, nos leva para dentro da sala de aula, nos apresenta o professor ( indispensável) e nos coloca diante das novas ferramentas de aprender e de ensinar, pesquisar, redigir. Linda crônica e o presente na voz de Toquinho, O CADERNO, de Vinicius de Morais. Obrigada por nos oferecer o teu talento, Soninha, e parabéns! Bjs"