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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

COM A MÃO NA MASSA... COM A EMOÇÃO À FLOR DA PELE...

O ingrediente principal, para que o esforço físico somado à emoção possa prosperar e transformar-se na única receita capaz de melhorar o mundo, é juntar um bocado de gente feliz. Para tanto, urge que se coloque cada um exercendo sua tarefa principal, num ambiente adequado, com uma infraestrutura compatível com os avanços tecnológicos, onde todos se conheçam, se estimem, criem laços, trabalhem e estudem, convivam e, consequentemente, cresçam.

O poema ESCOLA, do reconhecido e saudoso educador Paulo Freire, transcrito abaixo, aponta todos os ingredientes necessários para que este lugar torne-se o celeiro de futuros indivíduos úteis à sociedade, aptos a exercerem as mais diversas profissões, capazes, segundo ele, de melhorarem o mundo.

De toda esta gente feliz, citada pelo educador no poema, credito às figuras do professor e aluno a importância maior.

Imbuído do desejo de fazer, de dar e receber, de escutar, de transformar, reprogramando, quando for necessário, caminhando junto com o seu aluno, só assim atingirá as metas propostas, os objetivos últimos, a recompensa pelo esforço despendido.

Com plateias diversificadas e conteúdos diferenciados, o melhor professor é aquele que tem um tanto de ator. 

Aquele cujo gesto surpreenda, cujo movimento gere expectativa, este será o melhor entre outros tantos. Um olhar que instigue e uma emoção que, transbordante, sacuda o “aluno/espectador”, serão bem-vindos.

Uma apresentação que encante, uma palavra que ilumine, que abra perspectivas e caminhos, acarretará admiração.

Assim, conquistam-se plateias.

Alguns dirão que certos conteúdos da área das ciências exatas não se adequariam a estas performances. Engana-se quem assim pensa. Tudo depende de quem expõe e de como é exposta a matéria.

Tudo dependerá da dose de encantamento possível de gerar. O estopim deverá permanecer nas hábeis mãos de um professor. A tecnologia fará, então, o resto. E o resto é de grande importância, quando o interesse já foi despertado e o desafio instalado.


Com o raciocínio, com a inteligência, com a dita massa cinzenta colocada a trabalhar pelas mãos de um professor que, previamente colocou a mão na massa, desejoso de transformação, o êxito será mais do que provável. É garantia de uma educação de qualidade, respeitando-se as capacidades individuais, portanto diferenciadas.

Um bom professor é alguém possível de substituir a máquina, porque com ela não se confunde, porque é capaz de superá-la, salvando todos os dados armazenados que, porventura, tenham sumido nas nuvens, perdendo-se no infinito.

Um bom professor é o próprio backup ambulante, com a vantagem de guardar e transferir todo o conhecimento com emoção. O que, convenhamos, estamos a precisar.

Nós, humanos, somos os detentores de todas as capacidades necessárias para criarmos máquinas ainda mais sofisticadas. Portanto, somos mais do que elas, pois são elas apenas nossas auxiliares.

E um professor é quem trabalhará as inteligências existentes, para que o gênero humano continue a alçar voo. Claro, com a emoção à flor da pele que deve ser o seu diferencial.

Salve o Dia do Professor!


Bah! Esqueci-me de um dado RELEVANTE.

É tão relevante que passou a ser de somenos importância. Aliás, como todos os relevantes assuntos que por aqui, com o passar do tempo, tornam-se insignificantes e ninguém mais se detém a questioná-los. A não ser em momentos especiais como este, que estamos vivendo nestes últimos dias. Sobra a esperança, sempre, de que alguma cabeça bem-intencionada consiga fazer a nação acordar para a importância da figura do professor.

Uma nação que aposta na Educação para alavancar suas riquezas, visando a constituir um Estado justo e democrático, sabe que é fundamental preparar uma massa crítica, capaz e soberana, para o ato de escolha de seus representantes.


Ah! Uma vez mais...

Salve o Dia do Professor!









Dia do Professor – Belíssima Canção






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Comentários via Facebook:

Amelia Mari Passos: A música eu não conhecia, mas que tanto de verdade ela diz , assim como a sua valiosa reflexão. Gostei muito da viagem.



domingo, 17 de novembro de 2013

CRIAR: UM ATO DE AMOR

E Deus criou...
Nós, à sua imagem e semelhança, também geramos, criamos e recriamos com grande esforço, como nos diz Fernando Pessoa nos dois versos que seguem:
O esforço é grande e o homem é pequeno.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
                                     (versos extraídos do poema PADRÃO, inserido na primeira parte (O Brasão) do livro MENSAGEM, uma ode patriótica)
Mesmo assim, é nossa obrigação continuar acalentando esse ideal de criação permanente, pois ela é a prova do grande amor de que somos constituídos. E esse legado é o que nos move, é o que nos compete levar adiante. Carlos Drummond de Andrade, em seu poema AMAR, verseja assim:
Assim dessa forma é que o criar, que repousa no amor ao outro, a um ideal, ao coletivo, se defronta, muitas vezes. A uma doação ilimitada, pode seguir-se uma completa ingratidão. No plano familiar esse comportamento é até bem encontradiço, bem comum.
Felizmente, as mais das vezes, esse criar tem uma resposta pronta e receptiva e começa nas primeiras letras. E é a pessoa daquela primeira professora, que conduz os primeiros passos do seu pequenino aluno, a quem incumbe esse papel de criar condições para uma resposta positiva.
Com muito amor, pois esse criar depende desse ingrediente, o conhecimento vai sendo não apenas transmitido, mas também buscado, numa necessária simbiose, pelos parceiros dessa relação ensino/aprendizagem, isto é, professor/aluno.
Criar condições encerra uma capacidade criativa que, a cada dia, exige mais do professor, frente aos avanços da tecnologia.
Isso, porém, não é impeditivo para a obtenção de resultados positivos, mesmo a infraestrutura à disposição não sendo adequada ou suficiente para a aprendizagem.
Caberá ao professor, com criatividade, criar condições de levar o alunado a um patamar, no mínimo, satisfatório de aprendizagem.
Por isso, considero este profissional, que se dedica ao ensino, o indivíduo mais relevante no segmento social de uma comunidade.
Criar é um ato de amor e ser criativo é uma exigência imposta, principalmente nos dias atuais, em que há grandes avanços, por um lado, mas também grandes deficiências, por outro.
Numa sociedade, extremamente heterogênea em termos econômicos, ser criativo impõe-se como arma a ser usada pelos mais carentes para alcançar aquilo que a muitos outros é de fácil aquisição. E é ao professor que cabe essa tarefa: a de conduzir o alçar voo, sustentando, em pleno mar de vicissitudes, a manutenção e o alcance do destino final, qual seja, melhores chances na vida através da educação e do conhecimento.
Temos um exemplo desse mister na pessoa da Prof.ª Maria Alice Gouvêa Campesato. Docente da Escola Pública Municipal Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Restinga, exerce sua função com grande criatividade, levando seus alunos da 6ª Série a descobrirem o prazer de ler.
Criou o Varal Literário, para que os alunos começassem a se familiarizar com os versos de conhecidos poetas, tudo visando a explorar a sensibilidade desses jovens leitores. A seguir, implantou o Clube de Leitura e os Saraus Literários que, a meu ver, é o grande trunfo, pois é aberto à comunidade, e é onde os participantes começam a sentirem-se mais confiantes. Aprendem a ler com mais desenvoltura, a declamar e a interpretar poemas de diversos autores. Assim vão, aos poucos, capacitando-se a criar os seus próprios poemas, bem como textos em prosa. Fazendo uso de música, de imagens e poesias, fica muito mais prazeroso o estudo de textos literários por essa gente miúda.
Isso capacitará esses alunos, num futuro, a uma melhor interpretação e compreensão de qualquer texto, de qualquer discurso. Aprendamos a ler. Aprendamos a pensar. Aprendamos a refletir. Discutamos mais, dialoguemos mais, tragamos à luz aquilo que já se encontra latente na própria alma. Preocupemo-nos mais com os problemas humanos, particularmente com a ética: esses são os belos ensinamentos de Sócrates.
Cidadãos forjam-se quando se lhes dá a capacidade de entendimento de qualquer tipo de discurso, seja ele vazio ou merecedor de uma reflexão maior. A seleção virá ao natural.
Portanto, parabéns à Professora Maria Alice que concorre, como finalista, ao Prêmio RBS de Educação, Projeto: Leitura: Viagens Literárias. Meu voto é para ela.
Destaco, abaixo, parte do texto da citada professora, em que, no segundo parágrafo, afirma que, “nem sempre o que se planeja dá certo, nem sempre a gente pega turmas receptivas”. Digo eu, parafraseando Drummond:
“Saber amar o inóspito, o áspero,
Um vaso sem flor. Mesmo assim, amar “essa secura toda”.
E isso não é motivo para que se desista, conforme afirma Maria Alice.
Grande verdade, professora!
A Comunidade da Restinga agradece.
Esse é o caminho para que se transforme uma comunidade, uma sociedade, um povo.

Transpondo o cântico de Fernando Pessoa à nossa aldeia:

Sabe-se que o esforço é grande e o homem é pequeno.

Sabe-se que a alma é divina e a obra imperfeita.

Sabe-se que a obra é ousada, mas é do professor a parte feita.

E o porto por achar caberá aos pupilos que, com Deus, perseguirão o por fazer, pois esse será permanente e eterno.


E Viva o Dia da Criatividade, comemorado hoje, dia 17 de novembro.





Poesia AMAR – de Carlos Drummond de Andrade
Poema PADRÃO – cantado por Caetano Veloso  

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Comentário via Facebook:
Amar...amar...amar! Eu amo, também, tuas crônicas e a tua criatividade. Parabéns! Professora Maria Alice! Parabéns, Soninha!!! 


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013




 A ÉPOCA DOS 3 EM 1

Clarissa folheia com vagar o velho caderno, o único que sobrou de tantos.

Vai virando as folhas, uma a uma, parando, às vezes, em alguma que lhe chama a atenção pelas marcas deixadas no papel. São borrões, pingos eventuais de tinta de caneta ou refrigerante, e tantos outros sinais ali existentes: guardados ainda na memória.

Porém, um, em especial, que aguarda por ela mais para o fim do caderno, a faz recordar com ternura. Ternura por si própria ao ver-se retratada, naquele momento da existência, já tão longe, por aquela mancha bem no meio da página. Aquela lágrima caíra bem ali, naquele trecho do texto onde escrevera a palavra “amiga”.

Volta no tempo e relembra a tristeza que sentiu ao escrever que Soraia, sua melhor amiga, trocara de colégio e, por isso, não seria mais sua colega de aula.

O tema da redação, proposto pela professora, tinha sido “O Valor de um Afeto”. E Clarissa tinha escolhido a amiga Soraia como alguém a quem dispensava um grande afeto. Infelizmente, depois de cursarem juntas várias séries, não mais poderiam manter aquela diária e estreita amizade.

O registro daquele intenso momento de emoção estava ali, para sempre, registrado através de uma mancha sobre a tinta, nascendo um borrão, causado pela lágrima caída de olhos ainda tão jovens.
CONGELE A CENA.


Hoje, a mesma cena da lágrima ficaria registrada? Não, não teria registro.

Cairia sobre uma tela de plástico, resistente a riscos, resistente à água, resistente a lágrimas. Resistente ao registro da emoção daquele instante único.

A impessoalidade de um tablet, a aridez de uma tela, embora suave ao toque, não nos permite manter mais registros palpáveis, visíveis, de um momento de emoção extravasada, literalmente derramada.

Dispensa-se, hoje, o caderno, o lápis (ou caneta), a borracha. Temos o tablet, temos o simples toque dos dedos sobre a tela. Ah, e o mouse, também. E podemos gravar tudo num Pen Drive.

Nossos textos, nossas criações estarão todas lá, armazenadas. A autoria estará preservada, é claro. Mas a emoção do ato de criar, as etapas que se vão somando, com eventuais garatujas, riscos, desistências reveladoras na escolha da melhor palavra, reticências e sublinhados não terão mais registro.

Imaginem tantos autores clássicos, sem os seus manuscritos. Que perda irreparável seria para quem procura entender melhor o fazer poético, a lida com a palavra escrita mantida por tantos escritores de nomeada.

O processo de criação fica muito mais evidente em apontamentos e em manuscritos do que ficaria em textos registrados num tablet. Suas anotações à margem do texto, bem como a própria letra do escritor, são reveladoras de características peculiares de seu fazer textual, que nos dão a sua visão pessoal dos seus escritos.

E se falarmos em alunos que iniciam seus estudos no Ensino Fundamental, em particular, é importante que se capacitem a usar a mão para formarem, letra por letra, palavras que criarão frases, que comporão textos. Textos que contarão estórias, suas e de outros, com a emoção que é peculiar a cada um, num registro visível, palpável e totalmente pessoal dos sentimentos que nos diferenciam da máquina. Pois, não somos máquinas. 
Somos humanos e elas devem de estar a nosso serviço, tão somente.

Não esqueçamos que ainda somos seres pensantes, não somos idiotas e, portanto, a tecnologia tem que ser vista como mais uma ferramenta, apenas. Caso não seja assim entendida, de nada valerá o investimento em seu desenvolvimento.


Dito isso, boa volta às aulas.

Não importa que vocês, alunos, não tenham tablet. O importante é que tenham o que escrever, que adquiram a capacidade de escrever bem, de forma correta. E que aprendam a pensar, a refletir. Para isso, é imprescindível a figura do professor. A máquina servirá para auxiliar o trabalho de alunos e professores. Abrirá, com certeza, o mundo do conhecimento, das novidades, das pesquisas e tudo o que venha a ampliar a visão das coisas que os cercam, já trazida pelos alunos para sala de aula.

O bom e velho caderno, pelo menos nas séries do Ensino Fundamental, eu acredito que seja, ainda, um companheiro fiel. Clarissa não se emocionaria diante de um tablet, se fosse encontrado num canto da casa, caso existisse em sua época. Suas lágrimas não teriam tido registro. Sua emoção não se teria renovado. Seu passado seria apenas uma vaga lembrança. Sua história: um pouco mais difusa pela ação do tempo.


 

O Caderno - Toquinho




Fragmentos manuscritos de conhecidos autores nacionais:



Euclides da Cunha
Ferreira Gullar

João Cabral de Melo Neto

João Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa

Machado de Assis

Mário Quintana

Millôr Fernandes


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Comentários via Facebook:


Scyla escreveu: "Olha que já é madrugada, amiga, mas a tua estrela cronista estava aí brilhando, iluminando tudo e eu resolvi que não deixaria para amanhã. Até porque o amanhã é incerto para todos nós. E com esta pressa, esta ansiedade, fui conferir O CADERNO de Soninha Athayde, que depois de toda a belíssima leitura, depois de queridas lembranças, nos dá uma aula de "convivência pacífica" entre o novo e o nem tão antigo e sempre encantador método de guardar palavras, textos, poemas."
Scyla escreveu: "Fala de tudo o que permeia a atmosfera escolar, nos leva para dentro da sala de aula, nos apresenta o professor ( indispensável) e nos coloca diante das novas ferramentas de aprender e de ensinar, pesquisar, redigir. Linda crônica e o presente na voz de Toquinho, O CADERNO, de Vinicius de Morais. Obrigada por nos oferecer o teu talento, Soninha, e parabéns! Bjs"





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

 








A TOCHA


Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.
(trecho de Aquarela - Toquinho)

 
As imagens que a letra revela são belíssimas. A música Aquarela, eternizada na voz de Toquinho, é pura poesia, do início ao fim. Esse verbo descolorir, que teima em repetir-se, no final da canção, é o mote para uma reflexão mais aprofundada ao ensejo de duas comemorações importantes: O Dia da Criança e o Dia do Professor. Ambas tão próximas nas datas e tão interligadas pelos sujeitos nelas homenageados. Não se pode dissociar a criança/aluno da figura do professor.

A partir da letra, extraímos o verbo descolorir que é privar-se de cor. No sentido figurado, é perder o brilho, o esplendor, o colorido, o afear-se, desvigorar-se, ficar sem expressividade.

O letrista lança a ideia de que todos nós, num determinado instante, que não se sabe nem quando, nem onde, descoloriremos, perderemos o brilho, para, finalmente, fenecermos.

Será que nós todos perderemos o brilho no olhar, o jeito criança de olhar o mundo, a flama (paixão, entusiasmo), que nos permite vencer obstáculos e pilotar a tal astronave, referida na letra, com mestria? Ou será que muitos já serão descoloridos ao nascer? Isso seria possível? E outros se tornariam desbotados a partir da maioridade? Com essa indagação, façamos uma reflexão sobre a expressão “descolorirá”, tão repetida na canção.

É, em parte, verdade que vamos, ao longo dos anos, nos defrontando com momentos iluminados e outros não tanto. Transpomos o muro da infância com relativa suavidade. O da adolescência, já não sem alguma turbulência. E o da vida adulta, com certeza, com alguns pousos forçados, com algumas decolagens abortadas, avanços e recuos estratégicos. Mas isso será o bastante para descolorir, aos poucos, esse caminhar? Será que essa passarela, esse caminho, algum dia, ou, no último dia, descolorirá?

Para aquele que tem como vocação a arte de ensinar, que se acostumou a ver o brilho nos olhos de quem o observa, a simbiose do olho no olho permanecerá para todo o sempre. Quem consegue perceber esse brilho e devolvê-lo com mais intensidade, é porque já o possuía como uma dádiva. Foi apenas uma questão de lapidação. Na verdade, aluno e professor são coisas indissociáveis. Para aqueles mestres que permaneceram na retina de seus pupilos, a eles jamais caberá qualquer tipo de descoloração. Sua luz será perene.

A sensibilidade de ambos alimentar-se-á desde a pré-escola, quando ainda o desenho de um sol amarelo, com dois olhos sorrindo, iluminará e aquecerá essa combinação mágica. Ou ainda, bem depois, quando com seis retas poderão formar um hexágono e não mais um castelo. E, talvez, dependendo do fôlego e da vontade de estudar, quem sabe, com um simples compasso circule, não apenas o mundo sobre uma folha de papel, conforme diz a letra, mas elabore o esboço de uma construção na prancheta. Tudo bem redondo, tudo bem aconchegante. Tudo bem concreto, tudo bem real.

Portanto, quando há alunos motivados e professores com vocação para esse mister, o descolorir jamais se instalará. Ao mestre cabe esse papel, aquele que pilota o futuro, com as cores de uma aquarela, trilhando o caminho, qual peregrino, mesmo não sabendo aonde vai dar. É claro que, às vezes, esse futuro, sem pedir licença, muda nossa vida. Mas nós estaremos prontos a rir ou chorar, porque capazes de viver o bom e o mau momento, com igual intensidade. Temos, ou pelo menos deveríamos ter, reservas psicológicas para tanto.

Somos todos, professores ou não, seres de coloração intensa, ou deveríamos procurar ser. A cada um de nós cabe legar um eterno olhar colorido à vida. Se assim acontecer, não romperemos esse diferencial no encadeamento dos vários ciclos da nossa existência. Um olhar de criança, um olhar pleno de curiosidade, um olhar iluminado: é o que precisamos cultivar. E isso deve valer para todos.

Aos professores, em especial, porque cabe a eles o papel de iluminar o caminho desses jovens, fazendo-os enxergar e vibrar com possibilidades novas de transformação do mundo que os cerca. Isso se faz com muita criatividade, com uma dinâmica diferenciada em sala de aula, elementos que, quando existentes, favorecem uma interação de qualidade entre aluno e professor. Daí nascendo a admiração pelo mestre e a vontade de ouvi-lo novamente, de vê-lo mais uma vez, estando garantida, assim, a presença e a atenção desse aluno em sala de aula.

Essa retroalimentação entre aluno e professor permite a manutenção do brilho interior, a “chama”, que mantém aceso o pulsar pela vida, não permitindo que se instale o descolorir-se, nem no último segundo.

Os alunos de hoje poderão ser futuros professores, ou não. Agora, o professor, que ama o que faz, será para sempre professor. Seu papel principal é carregar a tocha e fazê-la arder até o último instante. E como um menino que caminha, “chega no muro” e vê o futuro, ultrapasse ela (a tocha) os tempos e, mesmo depois da morte de seu condutor, permaneça acesa para os que se dispuserem a fazer o revezamento.

Daí, nada, nunca, descolorirá.


FELIZ DIA DA CRIANÇA!
FELIZ DIA DO PROFESSOR!


Agora, quanto à letra da música Aquarela ressalte-se que suas imagens nos levam a viajar. Traçam, por sobre a Terra, a vida dos que a habitam, num movimento contínuo e inexorável de nascimento, vida e morte, enfocando o imponderável, a finitude dessa vida, essa estrada que “ninguém sabe bem ao certo onde vai dar”, essa “passarela” vestida de todos os matizes que, lentamente, ou abruptamente, “descolorirá”.

São imagens que, com certeza, nasceram de cabeças privilegiadas na arte de poetar.


 
OBS: As palavras sublinhadas foram extraídas da letra da música Aquarela, tal como se encontram escritas originalmente.



Aquarela – Toquinho



Jornal Zero Hora, 16 de outubro de 2012