quinta-feira, 5 de julho de 2018

NO MUNDO DOS ANIMAIS


Aquele ursinho vive ainda na lembrança de todos que viram aquela lágrima, escorrendo daquele olhinho entristecido pela despedida de tão belo evento que foram os Jogos Olímpicos, realizados em Moscou, em 1980.

Misha jamais será esquecido. Como todo ursinho, aquele da nossa infância, era gracioso, fofinho. Criado, à época, pelo ilustrador de livros infantis Victor Chizhikov. Era composto por um vasto mosaico de coreógrafos que levantavam e abaixavam placas coloridas em movimentos perfeitamente sincrônicos, causando aquela imagem de uma lágrima a escorrer.

Dessa maneira afetiva é que costumamos guardar, na memória, as mascotes dos eventos esportivos.

Da mesma forma, desde 1966, as Copas do Mundo, organizadas apela FIFA, contam com uma mascote.

Das 14 mascotes que acompanham a História das Copas do Mundo, 7 delas foram animais, a saber:



1966 – (Inglaterra) – Willie, um leão – símbolo da Grã-Bretanha;

1994 – (USA) – Striker, um cachorro;

1998 – (França) – Footix, um galo azul de cabeça vermelha;

2006 – (Alemanha) – GoleoVI e Pille – um leão e sua bola falante;

2010- (África do Sul) – Zakumi, um leopardo;

2014 – (Brasil) – fuleco, um tatu-bola;

2018 – (Rússia)- zabivaka, um lobo.

Significado desse nome em russo: Aquele que marca o gol.



Convenhamos que a nossa escolha de um animal como mascote recaiu sobre um ser que não foi feito para ataque. Sabe muito bem é enrolar-se e travar. Quando se sente ameaçado, fecha-se na forma de uma bola, tornando-se vulnerável ao ataque de qualquer predador.

Descrição esta relatada na crônica E AGORA, TATU?, publicada em 9 de julho de 2014, no blog www.quetalessatche.com.br.

Naquele resultado desastroso, o coitado do tatu-bola foi absolvido por falta de provas.

Agora, a Rússia, anfitriã desta Copa do Mundo, escolheu um lobo. Informaram, porém, que é um lobo com características humanas, isto é, um lobo antropomórfico. Ele competia com um tigre e um gato. Acabou ganhando. Desconfio que, também, sob a capa de um animal que está em perigo de extinção, seja um verdadeiro predador, carnívoro que é, pronto para o ataque. A sua figura antropomórfica, equilibrando uma bola sobre a cabeça, dá a ela uma graciosidade que é “puro disfarce” da sua capacidade de ataque. Agora, para piorar, o nome dado a ele, isto é, Zabivaka, significa “aquele que marca o gol”.

É! Os russos escolheram muito bem a sua mascote. A ideia é que, não se surpreendam, a Rússia possa levar a Taça.

E, desta vez, o lobo será elevado à condição de animal fundamental na conquista. As provas do sucesso da atuação da equipe russa serão divididas com este exemplar da espécie animal: representativo de quem luta pela conquista de sua presa.

Esperamos que “a presa” não seja aquela equipe cujo símbolo é por demais sonoro, mavioso, encantador: um verdadeiro pássaro canoro.

Não ouso escrever seu nome.

Claro que, se isso vier a acontecer, ela, a ZEBRA, será eleita a Rainha dos Animais.

Aguardemos...



Por ora, o nosso aplauso aos bois-bumbás de Parintins, capital nacional do bumbá, no Estado do Amazonas. Local onde ocorre, anualmente, o Festival Folclórico de Parintins que comemora a diversidade e a resistência cultural daquela região.

Desfilam, no Bumbódromo, os bois-bumbás Garantido e Caprichoso. Pelo segundo ano consecutivo, o Boi Caprichoso venceu nas três noites do Festival.

É o boi-bumbá, figura folclórica da Amazônia, que mantém vivo os rituais indígenas, as crenças, as festas típicas, o conjunto de valores diferenciados, unidos todos na preservação da cultura local.

E este espetáculo, transmitido pela TV Cultura, é um exemplo de que se pode buscar e encontrar a identidade de muitos Brasis espalhados por todo o território nacional. Transmitir estas imagens é papel relevante de uma emissora de televisão atenta ao culto e à transmissão de nossas tradições. O que nos insere na cultura civilizatória global.

Parabéns, TV Cultura!











domingo, 3 de junho de 2018

VOANDO COM SEGURANÇA




Voam por entre as nuvens sem sobressalto. Paulo acompanha com os olhos o voo daquelas aves que lá não se perdem, diferentemente desse seu olhar que, perdido, custa a encontrar o caminho de volta.

Onde procurar abrigo diante de tantos pontos esparsos, num céu pintado de tons escuros, sob o som daquela melodia a tocar em tom menor?

Lentamente, porém, Paulo retorna àquele instante em que se encontrava observando a pequenina formiga carregando uma folha.

Com rumo definido, também ela, não se perde pelo caminho. Sabe para onde retornar com o seu alimento. Seu abrigo é o seu destino.

E o de Paulo? Qual caminho retomar? O de antes? O de agora?

Diante desse impasse, acredita-se que Paulo retomará sua conexão com o seu eu espiritual. Só este poderá lhe dar sustentação para o enfrentamento de todos os embates que lhe vêm sendo impostos.

 
Agora, eu, como espectadora desse Paulo observador, faço conjecturas sobre seus próximos passos. Já o conhecendo há algum tempo, aposto num comportamento diferenciado que o alçará em busca de soluções inovadoras como mecanismo de autossobrevivência. Ele, que nasceu com um perfil batalhador, conseguirá ultrapassar as vicissitudes que lhe impõem cotidianamente.

Paulo é este brasileiro que acredita em si e na sua capacidade laborativa, mesmo em condições adversas.

Eu torço por ele. Desejo, firmemente, que não perca a capacidade de encantar-se com o infinito do céu, mas que retorne, sem percalços, sabendo qual estrada levá-lo-á para o abrigo seguro, o rincão que escolheu para viver.

O que mais dizer sobre o que nos cerca? Chega de ideologias, de “maquiagens”, de conchavos, de desvios, de corrupção.

E o que nos cerca é o que cerca a todos os habitantes, em maior ou menor escala, que vagueiam por este planeta.

Nosso estimado professor Moacir Costa de Araújo Lima, autoridade no estudo das conexões entre ciência e espiritualidade, em seu livro A ERA DO ESPÍRITO, editora AGE, 2ª edição, 2005, página 108, afirma:

“A consciência fundamentada no materialismo ou numa falsa religiosidade, sem amor, criou o problemático mundo em que vivemos”. E mais adiante:

“A consciência nova e revigorada, do espírito e de sua era, possibilitará uma nova visão do mundo e, como consequência, um novo modelo de relação, em que a fraternidade universal, representada por uma bandeira branca, sem qualquer símbolo, pois todo o símbolo é uma limitação, será a pedra de toque do proceder humano.

 
Reprogramar-se sob-bases mais fraternas será o caminho para a redenção do homem. Só então, o nosso Paulo e todos os demais com suas Marias, poderão pavimentar esta linha, ainda ininteligível, que nos une entre o antes e o depois.

Por ora, cabe renovar nossa maneira de ver o mundo, criando as condições para uma transformação pessoal e planetária.

Paulo, que já se conscientizou dessa necessidade, poderá então voar por entre as nuvens, certo de seu retorno à paz interior e da clareza de que seu caminho é de ida e de volta.

Cabendo ainda aqui uma dúvida acerca da verdadeira intenção dessa última assertiva.

Deixemos pra lá!

Ou melhor, assistam a um dos vídeos do Dr. Paulo César Fructuoso, médico, em que apresenta questões que nos fazem pensar sobre as tais idas e voltas e a necessidade de que religião e ciência possam unir esforços para um entendimento da nossa existência.

 

Epa! Acabo de pousar meu olhar sobre nuvens carregadas do brilho do sol, que as deixam lindas. Tudo para presentear-me depois de um dia de nuvens e de muito frio.  

É o final deste sábado, dia 2 de junho.

E para que não percamos a fé, cantemos:

 
E eu tenho fé

Na força do silêncio.

A fé que me faz

Aceitar o tempo.

Muito além dos jornais.

E assim mergulhar no escuro.

Pular o muro

Pra onda passar.

(Um trecho da música A Força do Silêncio – Pouca Vogal)






Dr. Paulo César Fructuoso
 


Pouca Vogal – A Força do Silêncio






 

sábado, 19 de maio de 2018

MÃOS... MENTES...

Maria Helena assistia àquela cena diariamente. Sempre que passava pela frente daquele estabelecimento bancário, sentado no chão, junto à grade do banco, aquele jovem lá estava com a mão estendida pedindo “um troco”. Algo deprimente.

Maria Helena achava que poderia tentar dar um encaminhamento mais digno para aquele ser humano ali jogado na calçada.

Um dia, resolveu parar para conversar.

E a conversa assim transcorreu:

- Oi, tudo bem?

- Tudo.

- Eu tenho uma ideia e vou te dizer qual é.

- Ah?

- A gente podia arranjar um emprego pra ti.

- Eu não sei fazer nada; só sei mexer em latinha.

-Pois, é isto aí mesmo: uma fábrica de processamento de resíduos sólidos, de latas... Que tal?

 
E Maria Helena continuou descrevendo as possibilidades que ele teria. Com espanto, porém, viu quando o jovem olhou para ela e disse:

-Eu não quero trabalhar.

Maria Helena, inconformada, continuou a discorrer sobre os benefícios que isso traria para ele, quando, novamente, foi interrompida pela frase:

-Eu não quero mais ouvir.

Diante dessa afirmação, dita pausadamente, Maria Helena foi-se rua afora, cabisbaixa.

Atualmente, passados uns dois anos, continua a encontrá-lo naquele lugar, tão seu conhecido, bem como em outros do bairro. Por vezes, está estirado na calçada a dormir. Quando acordado, senta-se junto aos muros.

E as suas MÃOS?

O que fazem?

Estendidas: pedem.

Recolhidas em concha: cheiram. Às vezes, fumam.



Giuseppe Artidoro Ghiaroni, poeta, radialista e jornalista carioca, escreveu o MONÓLOGO DAS MÃOS. Nele, o autor aponta inúmeras funções que nossas mãos exercem ao longo da vida.

Na realidade, depende de nós o bom ou o mau uso delas.

No caso do jovem adulto, elas são usadas para pedir, para drogar-se e não trabalhar.


Bem diferente do exemplo trazido em matéria publicada na data de 10 de maio, no jornal Zero Hora, página 22. Temos ali um exemplo de alguém que foi catador de latinhas, mas que virou empresário. Geraldo Rufino, 56 anos, foi palestrante na Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Expôs sua experiência de vida à plateia. Suas MÃOS, sem dúvida, foram usadas de forma inteligente. Carregava tudo o que poderia servir a si e aos outros. “O lixão, disse ele, foi um lugar “maravilhoso”. Lá, encontrava roupas, sapatos e brinquedos, além das latinhas. Eram 12 horas por dia recolhendo material que vendia para a reciclagem”.

Este é apenas um trecho do seu relato. A matéria completa pode ser vista ao final desta crônica.

E as MÃOS de Rufino?

Foram usadas para procurar, selecionar, carregar, dividir: para trabalhar.

E, assim, foi conduzindo a sua necessidade, atingindo momentos futuros que, com sua persistência e criatividade, lhe retribuíram com o sucesso de ser, hoje, um empresário. A sua frase “As pessoas agradecem muito pouco, lamentam muito e terceirizam a culpa”, revela a sua postura de um ser humano que atingiu o que buscava alcançar. Sermos construtivos, criativos, como digo eu, e responsáveis, como afirmou ele, pela própria vida, deveria ser um objetivo comum a todos.

Ah! Imaginem só!

Está feliz com o país que tem.


Não abordou a violência que grassa pelo país. Não era este o propósito de sua palestra.

Ao que parece transita, com otimismo, pela cidade em que se estabeleceu.

Cabe aos governantes resolverem o problema da violência.

E as MÃOS destes? Como estarão? Prometendo, desviando, destruindo, abandonando, iludindo, subtraindo, evadindo, entregando... (?)

Partamos para o construir, o encorajar, o trabalhar, o escrever, o reivindicar, o calcular, o exaltar, o aplaudir, o confessar, o exigir, o recusar, o condenar ou absolver, o reconciliar: verbos que constam do Primeiro Parágrafo do MONÓLOGO DAS MÃOS.

Tudo dependendo da necessidade do momento, em que se está vivendo, e dos atores envolvidos nesta nossa sociedade.

Para Rufino o Brasil é fantástico.

Concordo com ele.

Tudo depende de nós.


Agora, será que todos aqueles que estão se “dando bem”, também, não terão eles as MÃOS poluídas por algum desvio?

Maria Helena sempre se questiona. Com leis tão confusas, feitas com lacunas imensas, com meandros que exigem incursões malabarísticas, com exegeses (palavra bonita!) ou interpretações variadas: o que esperar?
MENTES esclarecidas são indispensáveis na avaliação do que nos cerca. Que elas se multipliquem e, insubmissas, não se conformem com a situação vigente.

Estarmos de prontidão para tanto é a missão que a nós todos cabe levar adiante.

Maria Helena permanece com o otimismo e o empreendedorismo de Geraldo Rufino: um exemplo a todos quantos desistem no meio da caminhada. Ou, como o jovem adulto sentado na calçada, nem ao menos tentam.






Fonte: Jornal Zero Hora de 10 de maio de 2018.