sexta-feira, 7 de junho de 2013


APESAR DE TUDO 


Rolam notícias de todos os cantos do mundo e por todos os meios de veiculação possível. É quase um tsunami diário. E a maioria, invariavelmente, de conteúdo negativo, que em nada estimulam ou favorecem o nosso viver diário. São os homens destruindo a natureza, como um todo, entredevorando-se, socialmente falando, matando, esfolando, estuprando, ludibriando, corrompendo, disseminando venenos por todos os lados (alimentação, sementes, drogas lícitas e ilícitas, poluição em todos os níveis).

Acordar-se, pela manhã, e acreditar que, apesar de tudo, vale a pena encarar mais um dia, é fundamental para um viver equilibrado e satisfatório.

Se os conglomerados financeiros dominantes fizerem as Bolsas caírem ou subirem, nada disso modifica a vida do Francisco, vigia que cuida do supermercado. Parece que se a economia estiver indo bem, segundo os maiores interessados na sua divulgação, os governantes, Francisco sofrerá os impactos positivos dessa aparente estabilidade. Isso é pura falácia. A verdade é que pouco do que ele percebe ao seu redor tem modificado para melhor. Suas necessidades básicas continuam carentes de atendimento satisfatório.

Então, todas as suas carências, somadas à avalanche de notícias negativas, vindas de todos os lados, acarreta-lhe a necessidade de um esforço redobrado a cada manhã. Levantar-se e, apesar de tudo, continuar com a esperança de que as coisas vão melhorar. Jogar para o futuro o que, por ora, está difícil de vislumbrar.

Acredito que, nesse instante, as combinações genéticas presentes no DNA é que falarão mais alto. Que bom se todas elas tendessem ao bem, ao correto e que estivessem a serviço da força interior, que deve animar o nosso corpo, bem como da luz que, igualmente, deve nos iluminar durante essa jornada.

Pois é desse tipo de DNA que iremos falar.

José Luiz Camboim Moni, que vive embaixo de um viaduto da BR116, em Esteio, é um fruto que, ao que parece, deu certo. Demonstra garra ao apegar-se àquilo que encontra ao seu dispor, a saber: conseguir estar entre os primeiros alunos de sua classe, com excelentes notas, cursando a 8ª série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Ezequiel Nunes Filho, em Esteio. A mãe presente, nas mesmas circunstâncias de vida, é importante para o seu desenvolvimento. As condições em que vivem são bastante ruins: sob um viaduto, num constante barulho de um trânsito pesado e sob uma poluição, também constante. A reportagem, transcrita abaixo, revela detalhes da situação em que se encontram.

A partir da reportagem publicada em Zero Hora, na data de 05 de junho, a TVCOM levou ao ar uma entrevista, que pode ser acessada abaixo, com a jornalista Kamila Almeida e o fotógrafo Tadeu Vilani, autores da matéria.

Presente ao encontro, o ex-menino de rua Jorge Luis Martins, que viveu, conforme relato próprio, em situação de constante risco, absolutamente sozinho em nossa Capital, desde os 10 anos de idade.

Os pais de Jorge já não existiam mais há algum tempo e a avó que lhe dava apoio, acabou também por falecer, quando ele tinha apenas 10 anos de idade. É, também, um relato comovente e que a todos deveria motivar para que se tentasse encontrar soluções para tão graves situações existentes ao nosso redor.

Em uma ou outra situação, observa-se a presença de um familiar que é, no caso de José, ou foi, no caso de Jorge, figura importante na transmissão de valores. No caso de Jorge, a promessa à avó, em seu leito amparado por quatro tijolos, segundo suas próprias palavras, de que seria um homem de bem e alguém na vida, a partir de três valores: respeito, vergonha e trabalho. Diz, ainda, que agradece a Deus por ter chegado aonde chegou, mantendo a saúde mental.

Agora, é inquestionável que uma força maior, uma força interior, que extrapola todo e qualquer auxílio externo, acompanha a caminhada de alguns desses guerreiros do asfalto.

Isso, por outro lado, não nos desobriga como cidadãos a exigir a implantação de políticas que deem apoio a essas verdadeiras cruzadas “solitárias” em busca de sobrevivência digna.

No caso de Jorge, hoje adulto, escritor, corretor de imóveis, ator, possuindo uma locadora de veículos, ainda estudando, sua luta está registrada em livros, o que o credencia a dar palestras em escolas, levando a sua história a quem dela precisa como estímulo a vencer as dificuldades que, com certeza, são infinitamente menores do que foram as do palestrante.

Com José, acontecerá o mesmo. Num futuro, servirá de exemplo a outros tantos menores que vivem nessas condições precárias, por absoluta inércia de uma sociedade tíbia em exigir que o Estado concretize ações efetivas no encaminhamento, pelo menos, daqueles em que a luz interior ainda brilha intensamente, apesar de tudo. Aliás, José já é um vitorioso e um exemplo a tantos outros que, embora em condições privilegiadas, não se esforçam como ele, que recebeu diploma de melhor aluno do ano de 2012.


Parabéns ao José!

Fica o aplauso às pessoas que se sensibilizaram com o caso presente. Isso, porém, ainda é muito pouco. Restam muitos outros que já se encontram em completa escuridão.

Parabéns aos autores da matéria jornalística.

 
OLHARES QUE BUSCAM SÃO OLHARES QUE ENXERGAM.

POR ISSO, ENCONTRAM.


E isso faz toda a diferença.





 Menor Abandonado - Zeca Pagodinho
 
 
 

quarta-feira, 29 de maio de 2013


DE BOSQUES, PALMEIRAS, SABIÁS E... COQUINHOS

 
O som lembra o de aviões prontos para decolar. Um grid de largada para ninguém botar defeito: ali presentes os melhores. E a cidade a recepcioná-los. Um vasto lago como cenário, vias bloqueadas e um circuito, há tempo imaginado, para celebrar a festa da velocidade. Que cidade moderna! Tudo muito cul (cool) e, especialmente, clin (clean).

Agora, na verdade, faltam poucos detalhes. Aqueles entraves que perturbavam já foram, finalmente, removidos. Com isso até o lago saiu ganhando. A seiva, qual lágrima, que escorreu daquelas espécies em extinção junto ao lago, talvez tenha ajudado a encher, um pouco mais, o nosso reservatório. O que não se sabe é se a seiva, na escuridão da noite, escorreu para o lado certo, isto é, em direção ao lago. Alguma coisa, provavelmente, tenha se perdido. Quem sabe, encontrou pelo caminho algum gramado que a acolheu, benfazejo.

As espécies em extinção extinguiram-se novamente, uma vez mais. Com elas, também os gorjeios.

Mas o que isso importa? Temos os roncos dos motores, o início e a chegada, triunfante, das máquinas mais velozes. E elas, ao que se tem notícia, não tardarão a aparecer quando a Fórmula Indy aportar por aqui. Protocolo de Intenções já foi assinado em 2011, inclusive com um traçado planejado para a corrida, já esboçado.

Com o quê e para que nos preocuparmos, então.

Afinal, temos que dar um apigreide (upgrade) no nosso dia a dia. Tudo anda muito monótono: uma mesmice.

Por que manter uma paisagem que descansa o olhar? Para que uma sombra acolhedora, se posso espichar a cabeça para fora do carro e receber um “ventinho” no rosto que é puro gás nocivo.

Aliás, querem coisa mais antiquada do que bosques, palmeiras, flores, sabiás e ninhos?

Ah! Eu ia me esquecendo. Estamos vivendo em cidades. Nada disso é necessário. No máximo, uma pracinha com brinquedos e uma ou outra árvore para adorno. Porque para quem quer mesmo refrescar-se, vá ao xopin (shopping) mais próximo. Lá tem de tudo, até sombra de mentirinha. Algumas parecem ser verdadeiras. Devem ser transgênicas, coitadas. Quero dizer, coitados somos nós!

Gonçalves Dias, em sua Canção do Exílio, despeja poesia de louvor à pátria. Tão famosos tornaram-se seus versos que, dois deles, foram copiados e introduzidos, por Osório Duque Estrada, em 1909, autor da letra do Hino Nacional Brasileiro, como parte do hino, aparecendo entre aspas:

 
 
“Nossos bosques têm mais vida”,

“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

 

Verseja também o poeta sobre as palmeiras onde cantam os sabiás. Esse seu poema, transcrito abaixo, tornou-se um dos mais citados na literatura brasileira, bem como na nossa música popular brasileira.

Na literatura, vários poetas versejaram, sob o mesmo título, enaltecendo as belezas naturais do país, em especial, as palmeiras e os sabiás.

Gilberto Gil, ainda nos tempos da Tropicália, grava composição sua em parceria com Torquato Neto, onde faz referência à Canção do Exílio. Diz ele:

“Minha terra tem palmeiras/ onde sopra o vento forte da fome/ do medo e muito principalmente da morte”.

E não poderíamos deixar de lembrar a conhecida canção Sabiá, de Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, que diz:

“Vou voltar/ sei que ainda vou voltar/ para o meu lugar/ foi lá e ainda é lá/ que eu hei de ouvir uma sabiá”. E mais adiante:

“Vou voltar/ sei que ainda vou voltar/ vou deitar à sombra de uma palmeira/ que já não há/ colher a flor/ que já não dá/ e algum amor talvez possa espantar/ as noites que eu não queira/ e anunciar o dia”.


Canção essa em que o sabiá e a palmeira identificam a saudade que acometeu, à época, os exilados políticos.

 
 
 
Tudo isso dito acima para deplorar a atitude de desprezo com que o nosso meio ambiente vem sendo tratado.

Ah! Ia esquecendo, novamente, que estamos vivendo na cidade e não no campo.

Mas há quem afirme, pelo menos assim circula a notícia, que seu sonho é um mundo sem árvores. Pode?

Pode! Disse também o ilustre Senador:

“Esses radicais querem que o país volte a ser uma floresta só e que vivamos pendurados em árvores, comendo coquinhos por aí, como Adão e Eva”.

Esse cidadão é o Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal. E é, também, o maior produtor de soja do Brasil. Que tal?

Resta-nos apenas lamentar tão desastrada afirmação. Renato Russo, já na década de 80, do século passado, compôs o conhecido Que País é Esse?

Urge que se atualize tal letra, porque as coisas só pioraram.

Quanto a nossa cidade e ao nosso lago, há que se fique atento. Os níveis de poluição, pelo ar e água, aumentam a cada dia. De repente, nem água de boa qualidade mais teremos.

É isso, por ora.

 
 
Não falemos da extração de areia que ronda e se avizinha. Tudo caminhando a passos céleres. 



QUERERES ( I )

Ah! Sombra que te quero tanto!

Ao teu pé, preciso perder-me a olhar este pôr de sol tão nosso.

Vê-lo, não envolto em névoa que engole a todos.

Preciso mantê-lo vivo e claro como o olhar de criança.

Preciso orná-lo com uma moldura de contornos verdejantes.

Tudo para contrastar com um lago, que ainda sonho, despoluído.

Nem precisa ser azul.

Basta ser pincelado com o verde das árvores que dele fazem espelho.

Soninha Athayde



 
 
 
 
 
 
 
 
Sabiá - Chico Buarque e Tom Jobim
 
 
  O Ano Passado - Roberto Carlos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 21 de maio de 2013

NOSSA LÍNGUA

Abramos espaço para o poeta derramar toda a sua verve, ornada pelo amor que dedica a ela, nossa Língua, nesse soneto:

Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de algo clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac (1865-1918)

A grande paixão pelo efeito estético era visível. No caso de Bilac, observa-se a ênfase no burilar da Língua Portuguesa, de acordo com os padrões da época. Foi ele um dos expoentes da escola literária chamada Parnasianismo, que tinha raízes em Paris e que primava pelo gosto da descrição nítida, a mimese pela mimese, bem como as concepções tradicionais sobre metro, ritmo e rima. O seu poema Profissão de Fé é o juramento que faz de que morrerá “em prol do Estilo”, no ato da escolha e da vestimenta que dará à palavra. Estávamos no século XIX.

Já no século seguinte, haveria uma transformação radical.

Vamos viajar, num salto, direto para o Modernismo, embora tenhamos tido outras escolas intermediárias.

Na verdade, o que nos interessa, aproveitando para saudar o Dia da Língua Nacional, transcorrido no dia 21 de maio, é constatar como ela hoje se apresenta.

Pois, então, te aprochega, tchê. Vamos proseando, enquanto o mate passa de mão em mão.

E tu sabes, por acaso, de onde vem essa expressão Chê ou, como nós gaúchos a pronunciamos, com um som de t, Tchê?

Segundo estudos, não é de origem indígena. Seu berço encontra-se na Espanha, nas regiões levantinas, mais precisamente no idioma valenciano. Lá é que se usa esse vocativo Chê. A nossa proximidade com a América Espanhola trouxe para o Rio Grande do Sul o que já existia na Argentina, Uruguai e Bolívia. Aliás, pronunciamos a expressão “Chê” à maneira espanhola, isto é, Tchê.

E o te aprochega? De onde virá?

Pois diz a lenda, que o aprochegar teria originado o “approach”, termo inglês, que significa aproximar-se, chegar perto de.

Vejam! Quanta pretensão! Explica a lenda que, quando os estivadores de portos brasileiros avistavam algum navio estrangeiro se aproximando, referiam-se da seguinte maneira: o navio está aprochegando.

Nada disso!

No ano de 1958, quando o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, de Caldas Aulete, em cinco volumes com mais de 5000 páginas, em sua 4ª edição era lançado, o verbo aprochegar não aparecia dicionarizado. Seu uso, porém, já era conhecido entre os gaúchos. Hoje, encontra-se registrado no Novíssimo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 5ª edição, 2ª impressão de 2010. Também encontramos seu registro no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 1ª edição de 2009, já com a nova ortografia.

Quanto ao nosso aprochegar, talvez, a lenda esteja correta. Nós mesmos acabamos criando um vocábulo para uso próprio. Daí a exportá-lo, só em lenda mesmo.

Há registros de que a palavra aprochegar é de origem quíchua, língua falada desde a época dos Incas. Estaria ameaçada de extinção porque apenas falada por descendentes indígenas, ainda existentes, nos territórios que abrangem terras do Equador, Colômbia, Peru, Chile e Bolívia.

Por outro lado, o registro dicionarizado da palavra “approach” explica que sua origem vem do francês “aprochier”, vindo do latim “apropiare”. Essa é a origem segundo o Webster’s New International Dictionary, second edition, de 1939, uma obra rara e valiosa para os estudiosos da Língua Inglesa e suas origens.

Essa explicação é, portanto, mais confiável. Não concordam?


Agora, vamos saltar no tempo. Chegamos ao hoje e à constatação da invasão de termos ingleses a que a nossa Língua está tomada. E isso não se deve apenas ao avanço tecnológico, com a chegada de termos que a Informática trouxe consigo. Exemplo disso é o verbo tuitar, já dicionarizado (última edição do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, ano 2010). De acordo com o Professor Cláudio Moreno, com quem concordo plenamente, o verbo, já que está agregado ao idioma, escreva-se como um verbo regular da 1ª conjugação. Então: Eu tuíto, tu tuítas, ele tuíta; nós tuitávamos, vós tuitáveis, e por aí...

Na verdade, o tamanho do problema é maior do que isso. Não são apenas alguns vocábulos incorporados. Quando a estrutura da língua é afetada, chegamos a um nível perigoso de comprometimento do idioma pátrio. Querem coisa mais sinuosa, mais tortuosa do que dizer:

Em que eu poderia estar lhe ajudando? Ao invés de:

Em que posso ajudá-lo?

Ou, ainda:

O senhor pode estar aguardando só um momento, enquanto eu estarei fazendo as suas solicitações?

É ruim, ehn?

Estamos cercados por americanismos. Vejam, por curiosidade, apenas alguns:

* background, backup, blush, bike, book, cheeseburger, coffee break, cool, delivery, diet, drive-thru (drive-through), e-book, ecobag, enter, fast-food, flex, free, freelancer, full time, gloss, happy hour, high tech, homepage, home theater, hot dog, insight, lan house, light, lunch, marketing, mix, mouse, night, off, office-boy, on-line, pet shop, pet stop, player, plus size, pub, sale, self-service, shampoo, shopping center, tablet, to delete, to check, to plug, to attach, trash, underground, underline, upgrade, etc. Esclareça-se que os vocábulos acima, com exceção de cool, plus size e underline, estão todos já constando do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, ano 2010.

Queridos leitores, como diz meu cronista predileto, Luis Fernando Verissimo, em crônica transcrita abaixo e reproduzida aqui a frase que a encerra:

“Só é triste acompanhar esta entrega – ou devo dizer “delivery”? – de identidade de um país com vergonha da própria língua”.

E eu acrescentaria que uma nação é composta por seu território, povo, governo independente e língua própria. Nada contra a evolução. Não poderíamos continuar a chamar a Língua Portuguesa de última flor do Lácio inculta e bela. Inculta, por ter-se originado do Latim Vulgar, menos importante do que o Latim Clássico: os séculos já apagaram essas diferenças. Bela, sempre foi e continua sendo. Agora, submissa, porosa, fragilizada por, em especial, americanismos: é uma constatação. Estamos nos tornando ridículos ao querermos parecer um pouco norte-americanos. Já somos um país continental, com uma língua falada em vários continentes e um povo, pelo menos, os cá debaixo, modelo para toda a Terra. E estamos conversados. Oigalê, tchê!


A Língua Nacional de cada país deve ser cultuada e serve para aqueles cidadãos que, naquela cultura, estão inseridos. Precisamos, isso sim, produzir tecnologia na área da Informática. Quem sabe, então, passemos também a exportar termos brasileiros que não terão similar em outras línguas, criando-se, portanto, nossa própria linguagem nessa área. Para aquelas palavras que não pertencem ao mundo da Informática, não precisamos de estrangeirismos. Quanto à estrutura da língua, convenhamos, a que temos nos serve plenamente.

Claro que não cabem mais os vocábulos daquele poema inserido no início dessa crônica. Ninguém mais dirá:

“Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!”


Mas daí a conjugar um verbo, tipo tuitar, que, para piorar, há quem defenda a grafia twittar, conjugando-se, então, eu twitto, tu twittas... Ou será com acento? Eu twítto, tu twíttas... Que tal?

Então, para fechar essa avalanche de impropriedades com a nossa Língua, lá vai uma frase ouvida de um entrevistado, em conhecido programa noturno:

“A operação, que foi estartada, (ou, quem sabe, seria startada – do verbo to start (inglês), que significa iniciar) teve boa aceitação”.

E Viva a Nossa Língua Nacional!

Agora, para relaxar, vamos assistir ao vídeo que apresenta o Samba do Approach.

Aguentar essa invasão, só mesmo escutando Zeca Baleiro, cantando composição sua, acompanhado por Zeca Pagodinho.




Trecho da crônica " UM PLUS A MAIS" - Luis Fernando Verissimo 
ZH de 23.05.13




Samba do Approach - Zeca Baleiro